(Durante toda esta semana, publicaremos uma série de posts no blog sobre nossas atividades na Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. A nossa programação completa na conferência pode ser vista aqui, e acompanhe nossas atividades em tempo real com a hashtag #googleatrio20.)
Nesta semana, na conferência Rio+20, a tribo Suruí de indígenas da Amazônia lança o Mapa Cultural dos Suruí no Google Earth. Isto será a culminação de uma inédita colaboração de cinco anos entre o povo suruí e o Google. A parceria começou em junho de 2007, quando o líder indígena Almir Suruí visitou o Google pela primeira vez (link em inglês) e propôs a colaboração. A história dessa visita e o extraordinário projeto que se seguiu são contadas em um novo documentário de curta duração que também lançamos aqui na Rio+20: “Trocando arco e flechas por laptops: Carbono e cultura:”
Treinando os jovens suruí a mapear
Em três visitas ao território Suruí, entre 2008 e o mês passado, nossa equipe do Google Earth Solidário ensinou aos jovens suruís como tirar fotos e fazer vídeos para coletar histórias dos seus anciões (inclusive da época anterior ao primeiro contato com o mundo moderno). Depois eles aprenderam a fazer o upload desse material para a nuvem do Google com ferramentas como Picasa, Google Docs e YouTube. A partir daí, usamos o Mapeador de Planilhas 3 para juntar tudo e criar um Google Earth KML do mapa, contendo quase trezentos locais.
Destaques do mapa
Por meio deste projeto, minha equipe e eu aprendemos que mapas são uma expressão
cultural. Mapeadores referem-se ao elemento atômico de um mapa como POI ou Ponto
de interesse. Os mapeadores suruís criaram pontos de interesse que refletem a íntima
interdependência com a floresta, que é uma tradição da sua cultura. Assim, em vez de hotéis e postos de combustível, você encontrará no mapa suruí a localização de araras e tucanos ou os três tipos de árvores necessários para fabricar arcos e flechas.
Você descobrirá onde encontrar as árvores do açaí, que dão frutos deliciosos e palha para as malocas, os melhores locais para a caça do porcão e onde se encontram as onças. Este animal tem um significado especial para o povo suruí e faz parte do mito da criação da tribo. Também há locais e relatos de batalhas históricas com outras tribos e contra os colonizadores brancos que começaram a chegar depois do "primeiro contato", em 1969.
Este é um exemplo de POI, para o jenipapeiro:
“O jenipapo é a fruta do jenipapeiro, árvore que pode chegar a 14 metros de altura. Da polpa da fruta verde, extrai-se uma tinta que pode ser usada para pintar a pele humana. Isto faz da fruta algo de grande importância para os suruís, porque a arte da pintura está em tudo que eles fazem, em especial em celebrações e rituais. A arte da pintura é algo a que os suruís dão grande valor. Cada ocasião demanda um tipo diferente de pintura.”
Esta é uma visita detalhada do Mapa Cultural dos Suruí, narrado pelo líder indígena Almir e os jovens suruís mapeadores:
Assista à visita ou faça o download do KML em inglês ou português.
Como o líder indígena Almir diz na conclusão da visita ao povo suruí no Google Earth:
Sem a floresta, toda a nossa cultura desapareceria. E sem a nossa cultura, a floresta teria desaparecido há muito tempo.
É importante viver de uma maneira sustentável e fortalecer aqueles cujas subsistências
dependem diretamente de um ecossistema saudável.
Nós temos um plano de sustentabilidade de cinquenta anos, que inclui soluções para
o nosso território. Um exemplo é o Projeto Carbono Suruí, que usa a tecnologia para
monitorar o estoque de carbono na floresta e negociá-lo no mercado de créditos de
carbono.
A nossa esperança é que possamos nos unir virtualmente e em pessoa, e que
possamos nos encontrar e implementar soluções em conjunto.
Foi uma enorme honra para nós trabalhar com o povo suruí e conhecer a sua visão de mundo, em especial para ver como mesclam sua sabedoria e cultura tradicional com a tecnologia moderna. Nós aprendemos com o líder indígena Almir que parceria, consenso e colaborações são importantes. Nesse espírito, os parceiros cruciais neste projeto foram: Equipe de Conservação da Amazônia (Brasil, EUA), Kanindé, além da cineasta brasileira Denise Zmekol, que documentou a vida do povo suruí por mais de vinte anos.
Para saber mais sobre a tribo Suruí, também conhecida como “Paiter Suruí,” visite
www.paiter.org.