O crescimento do chamado conteúdo gerado pelo usuário, da criatividade e da expressão individual na Internet é fenomenal. Os fatos falam por si: um blog é criado a cada segundo todos os dias; 13 horas de vídeo são colocados no YouTube, o maior site do mundo de compartilhamento de vídeos, a cada minuto; e mais de 25% dos internautas, cerca de 1 bilhão de pessoas, fazem parte de uma rede social – seja ela o Facebook nos Estados Unidos, o Bebo na Grã-Bretanha ou o Orkut aqui no Brasil.Os benefícios dessa nova maneira de se comunicar são enormes. Milhões de pessoas em todo o mundo têm uma liberdade sem precedentes – liberdade para criar e comunicar-se, para organizar e influenciar, para falar e ser ouvido. Isso também ajuda a sociedade com um todo, pois quando as pessoas têm maior acesso à informação e exposição às opiniões de outros indivíduos, normalmente elas tomam decisões melhores.No entanto, infelizmente nem todos utilizam a Internet como algo para o bem. Algumas vezes é uma questão de opinião, ou mesmo uma tradição local. Armas, por exemplo, são mais aceitáveis em algumas sociedades do que em outras. E a maneira como países diferentes lidam com o racismo e incentivo ao ódio varia de forma imensa. Na Alemanha, por razões históricas óbvias, é ilegal promover o Nazismo. Em outros casos, fica óbvio que o material deve ser removido e as pessoas que o vendem devem ser processadas e punidas. Por isso, empresas como Google enfrentam desafios concretos, não só porque operam em mais de 100 países, mas também porque a forma como as pessoas utilizam nossa tecnologia evolui quase que diariamente. Nós tentamos constantemente estar um passo à frente dos criminosos que abusam de nossos serviços, e estamos sempre nos certificando de que haja um equilíbrio correto entre o direito de um indivíduo de se expressar e as opiniões de uma comunidade mais ampla. É por essa razão que, no Brasil, nós estamos trabalhando fortemente com o governo e as autoridades locais para pôr em prática novas formas de proteção ao usuário. Nossa missão é procurar garantir que o Orkut não seja utilizado para atividades criminosas. Pedimos aos nossos engenheiros que estudassem como a tecnologia pode ajudar a evitar os abusos e possibilitar que promotores do Estado rastreiem os criminosos quando algum ato ilícito ocorrer. Nós queremos manter a integridade do Orkut para que milhões de brasileiros que amam o site possam continuar a utilizá-lo de forma segura e para o bem.
No geral, nós só mantemos informações sobre os "posts" no Orkut (incluindo o endereço do computador a partir do qual eles foram gerados) por 30 dias. Mas os promotores brasileiros estão convencidos de que esse tempo não é longo o suficiente para os casos suspeitos de má conduta. Assim, nós concordamos em manter os registros dos usuários brasileiros do Orkut por seis meses, o que dará às autoridades o tempo hábil que eles necessitam para coletar evidências e, se necessário, processar os responsáveis.
Nós também cumprimos nossa promessa feita diante do Senado Federal para desenvolver meios mais efetivos para fornecer as informações solicitadas pelas autoridades, de forma que possamos enviá-las aos promotores brasileiros o mais rápido possível.
Além disso, nós estamos trabalhando com a SaferNet – uma importante organização de proteção à criança – para ver como podemos trabalhar em parceria para evitar a disseminação de material nocivo. Juntos, desenvolvemos um sistema de aviso que possibilitará que a SaferNet nos alerte sobre uma suspeita de conteúdo ilegal quando ela aparecer. Uma equipe especial do Google verificará então a evidência fornecida e responderá à SaferNet, que poderá alertar o Ministério Público Federal. Nós acreditamos que isso ajudará a remover material ilegal mais rapidamente e possibilitará que os promotores busquem ordens judiciais para que os responsáveis possam ser identificados.
Ajudar as autoridades a rastrear e processar os responsáveis por esses crimes é importante, mas a prevenção é melhor do que a cura. Por isso, o Google vem trabalhando com afinco nos últimos dois anos para desenvolver novas ferramentas que ajudem a evitar que material ilegal seja colocado no Orkut. Essas inovações nos permitirão identificar e remover imagens inadequadas com mais eficiência – e a dissuadir outros a fazê-lo.
Obviamente, nenhum sistema é à prova de erros. Mas eu acredito que as mudanças que colocamos em prática ajudarão a combater o crime, ao mesmo tempo em que protegerão a liberdade de expressão da imensa maioria dos usuários do Orkut no Brasil – uma parcela que segue a lei e usa o Orkut para o bem.
Lidar com conteúdo controverso é um dos maiores desafios que enfrentamos como empresa. Nós sabemos que não temos todas as respostas. Também sei que no Brasil, como em muitos outros países, nós não temos um índice de 100% de acerto. No entanto, tentamos ser o mais transparente possível sobre a forma como tomamos decisões. E assumimos o compromisso de sempre manter os usuários do Orkut informados e envolvidos, trabalhar com as autoridades locais e aprimorar nossos atos e políticas.