Escrevi este post de Kyoto, berço da história e cultura japonesa com oito lugares que são patrimônios mundiais, berço da tecnologia com 37 universidades e faculdades e sede do fórum "Davos do mundo cientifico", o Fórum de Ciências e Tecnologia na Sociedade.
O evento reuniu cerca de 600 líderes mundiais que a todo ano se encontram para debater o futuro da ciência e da tecnologia na sociedade. A quarta edição do Fórum foi organizada por Koji Omi, ex-ministro da Fazenda, Ciências e Tecnologia do Japão. Os temas do encontro giraram em torno da dualidade "restaurar a harmonia com a natureza" e "inovação". Assuntos relacionados ao clima, a fontes de energia, à água e as conseqüências das revoluções digitais, bio e nanotecnologicas também estiveram em pauta.
O novo primeiro ministro japonês, Yasuo Fukuda, abriu o evento enfatizando a necessidade de se fazer a transição para uma sociedade sustentável por meio da ciência e da tecnologia. Chegou-se a um consenso indiscutível de que a criação de uma sociedade sustentável é um dos maiores desafios hoje. A ciência e a tecnologia ajudaram a humanidade a alterar o planeta em níveis jamais vistos antes. Agora, as atividades humanas estão ameaçando a bioquímica dos sistemas nos quais toda a vida na Terra é baseada. Por isso, é imprescindível que ambas trabalhem juntas neste momento para restaurar o equilíbrio do planeta.
O mais impressionante do evento foi a rapidez com que esse "acordo final" veio à tona. Como um profissional no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, tenho visitado diversos encontros entre ambientalistas que vêm pregando as mesmas mensagens há pelo menos duas décadas. No entanto, eu estava rezando para ser entendido. A boa notícia é que os principais líderes mundiais da política, dos negócios e das universidades agora estão cantando a mesma canção. O filme de Al Gore despertou uma consciência ambiental na maioria das pessoas, que finalmente entenderam o recado!
É gratificante ver isso acontecer.
Houve um debate sobre qual a melhor maneira para alocar recursos em prol das mudanças climáticas (por exemplo, a redução na emissão de gases contra o efeito estufa) e quais as adaptações necessárias para melhorar o clima (por exemplo, conscientizar a população sobre as alterações climáticas). Está mais do que claro que alguma coisa precisa ser feita para ajudar aqueles que contribuíram de alguma forma para o aquecimento global, mas que vão assumir as conseqüências de seu impacto, principalmente na África. Lá, fazendeiros em todo o continente enfrentarão perdas catastróficas em função do aumento das secas, a população de países como a Etiópia sofrerá com a malária e a costa africana oriental terá de lidar com o aumento do nível do mar, que trará prejuízos de até 10% do produto interno bruto nacional.